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Foto do escritorPatrícia Bordignon Rodrigues

Transformação digital e ESG: juntos ou separados?

Episódio 3: Porque somente a transformação digital não basta



Nos artigos anteriores, abordamos a conscientização da importância da transformação digital nas empresas e os desafios inerentes a esse processo, que começa por uma mudança cultural com foco nas pessoas e vai em busca da confirmação do mercado de que a jornada foi concluída com êxito.

Hoje, vamos subir mais um degrau rumo à transformação digital e, para deixar a nossa viagem ainda mais cheia de aventuras, vamos trazer ESG (ambiental, social e governança) para o palco, três critérios para medir as práticas ambientais, sociais e de governança em uma empresa.


Já tínhamos um desafio de fazer a transformação digital. Agora, o de ser uma empresa de impacto, uma empresa ESG. E agora?

Entendendo melhor, os dois mundos se misturam e, por isso, precisamos planejar a nossa estratégia olhando para ambos com igual importância. Tanto ESG quanto transformação digital têm potencial de renovar a forma como as empresas planejam, implementam e operam com sucesso. De um lado, a transformação digital veio para mudar o processo e torná-lo mais ágil. De outro, ESG mergulha lá no íntimo da empresa, buscando saber quem ela é, qual o seu impacto no mundo e se o seu negócio está alinhado às necessidades da sociedade.

Somente ao ler essa definição já nos sentimos desafiados com tudo que teremos pela frente e em dose dupla. Não há dúvidas de que precisamos olhar para as duas juntas, pois as preocupações sociais e ambientais precisam estar alinhadas e inseridas na jornada da transformação digital. Caso contrário, corremos o risco de colocar por água abaixo toda nossa transformação. Nossos consumidores, que serão os nossos juízes, poderão nos tirar da partida, mesmo com toda digitalização concluída, por não termos nos preocupado em refletir e nos adequar ao social, ao ambiental e à governança empresarial.

E é neste cenário que as pequenas empresas são incluídas pela tecnologia. As startups saíram em disparada, porque elas já nascem neste contexto e, por isso, testar entendimento, focar e implementar já estão no modo automático.

Incluídas, passam a ter chance de concorrer a prestar serviços para as grandes empresas – que, na sua maioria, são mais burocráticas e engessadas. As pequenas conseguem ser ágeis nos MVP e, assim, lançam produtos novos com muito mais facilidade.

Agora que já vimos que transformação digital e ESG precisam andar juntas, vamos conhecer por onde devemos começar.

Segundo Neil Patel, aí vão dicas de como implementar a transformação digital na sua empresa:

  1. Crie uma nova cultura organizacional;

  2. Desenvolva as habilidades necessárias no seu time;

  3. Analise e melhore os processos;

  4. Crie um projeto digital;

  5. Envolva toda a empresa nas mudanças;

  6. Teste ideais novas;

  7. Crie um plano de transformação;

  8. Elimine a tecnologia antiga.


Se você estiver decidido a implementar a transformação digital, siga essas dicas acima para que o fluxo do seu planejamento seja bem-sucedido.


E, no tema ESG, temos a contribuição de Tonico Novaes, CEO da Campus Party, que vem ilustrar o nosso artigo trazendo a importância da transformação ESG e os impactos na sociedade. Nos enriquece com os seus conhecimentos trazendo clareza, informação e visão de futuro.


“O digital não pode ficar de fora do ESG. A sigla ESG, que vem do inglês Environmental, Social and Governance, ou seja, Ambiental, Social e Governança (ASG, em português), é aplicada pelo universo dos negócios há alguns anos e é apontada pelo mercado como uma das principais tendências para 2021. ‘Patentear o www seria como patentear o sol’. A fala de Tim Bernes Lee – criador do www (World Wide Web) – na última edição da Campus Party Digital, em 2020, sintetiza de maneira categórica um movimento histórico inédito que estamos vivenciando. Pela primeira vez, uma nova geração está ensinando a seus pais e avós que cultura e propósito valem mais do que ganhos de capital apenas. Chamem de Y, Z ou que letra for, fato é que uma parcela significativa dos jovens em várias partes do mundo, incluindo o Brasil, está mais preocupada com soluções que ficarão de legado para a sociedade do que com novas marcas e patentes. Na sopa de siglas do mundo de TI, tais como VR, AR, MR, IoT, BI, CRM, ERP, SaaS e LTE, uma nova frente abarca esse movimento: ESG. Alguns teóricos e estudiosos, inclusive, já vêm clamando pelo acréscimo do T de tecnologia nessa sigla (que, traduzida do inglês, significa governança ambiental, social e corporativa), mas acredito que o mais correto seria incluir aí um D de digital. Afinal esse novo paradigma, simbolicamente, vai muito além do que um conjunto de técnicas. Na prática, esse movimento ESG + D já vem acontecendo no mercado e, até aqui, pelo menos no caso brasileiro, cabe às startups o papel principal. De acordo com um estudo recente da Distrito, maior ecossistema independente de startups do Brasil, mais do que iniciativas governamentais ou empresariais, o maior alavancador desse fenômeno são justamente os novos pequenos negócios que se propõem a ser disruptivos tendo o universo digital como meio e não como fim. O projeto Include se encaixa perfeitamente nesse contexto. Trata-se, sem dúvida alguma, de um dos legados mais importantes que a Campus Party entrega nas cidades pelas quais passa pelo Brasil. Desenvolvendo espaços em periferias e comunidades carentes, seu propósito é formar jovens de 12 a 18 anos em tecnologia, programação e robótica. Esses jovens, na maioria das vezes marginalizados pela sociedade, têm o contato com essas iniciativas e adquirem conhecimento e expertise em disciplinas que poucas escolas priorizam, de fato, hoje em dia. Várias autarquias públicas, universidades e entidades privadas já se tornaram parceiras do projeto, permitindo, inclusive, que uma parcela significativa desses alunos tenha a possibilidade de ganhar bolsas de estudo para se desenvolverem mais. Nada mais representativo, a meu ver, do que seria um ciclo completo ESG + D. Atualmente, enfrentamos a ameaça constante das fake news, deep fakes e diversas outras armadilhas digitais que começam a entrar em rota de colisão com o que eu chamo de sociedade 5.0, na qual o ser humano deve ser colocado no centro de tudo e a própria tecnologia deve servi-lo e não substitui-lo. Depois de dois séculos da Revolução Industrial, em que basicamente robôs passaram a substituir a força de trabalho, principalmente nas linhas de produção, estamos encarando a Revolução Digital, em que o robô começa a dar passos largos no sentido de substituir nosso intelecto por meio da Inteligência Artificial, machine learning, blockchain, etc. Tentando vislumbrar um pós-pandemia, precisamos entender como poderemos recomeçar o mundo (Reboot the World) por meio da coexistência do computador e o ser humano. Estamos diante de um cenário no qual precisaremos trazer o indivíduo, ou grupo de indivíduos, para o centro de tudo. Não só para os próximos cinco anos, mas para as próximas duas décadas, que é quando toda essa digitalização deve se concretizar com mais força. No país que abriga a Amazônia, a maior floresta tropical do Planeta, precisamos condicionar peremptoriamente a Revolução Digital, independentemente dos ganhos financeiros que possa eventualmente propiciar, aos pilares que regem as questões relacionadas ao meio ambiente/ sustentabilidade, inclusão social/diversidade e cultura corporativa/ética. Essa nova geração, é bom que se diga, nunca esteve tão atenta, e não lhe faltam meios para zelar pelo futuro da nossa sociedade e do nosso Planeta, independentemente de novas siglas que venham a surgir no caminho.”

Tonico Novaes, CEO da Campus Party


Muitas empresas que implementam a transformação digital precariamente ou, pior ainda, estão à margem deste movimento, já estão condenadas à morte súbita ou à redução de seus negócios. Pois essa desconexão leva a clientes insatisfeitos, perda de valor de mercado e consequente pista para os concorrentes. E ESG parece levar ao mesmo fim, por isso justifica-se atencioso e curioso olhar para ambos os temas.

As empresas precisam ser proativas e ter um olhar inclusivo para a transformação ESG e digital. Esta complementariedade leva ao êxito na sua transformação!

Boa sorte e até o próximo episódio!

 

Nota: Confira os episódios 1 e 2 desta série clicando em “Transformação digital é moda ou veio para ficar?” e “Você já quebrou silos hoje?”.

Patricia B. Bordignon Rodrigues é Diretora de Marketing e Canais Benkyou




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